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Acervo construído ao longo de duas décadas deu origem ao Museu do Cinema |
Por Deniele Simões
As lembranças o fazem recordar de sua infância e de como nasceu a paixão pelo cinema – narrativa que marca o filme ítalo-francês Cinema Paradiso, de 1988.
A história de Totó
confunde-se com a de Manoel Francisco Coutinho, o Manoel do Cinema,
cinegrafista, e apaixonado por cinema que vive em São Bento do
Sapucaí, no interior de São Paulo.
Após reunir doações
de objetos cinematográficos por quase 20 anos, Manoel do Cinema
construiu um acervo riquíssimo, composto por filmes, câmeras,
projetores, lâmpadas, cartazes, entre outros equipamentos raros.
“Quem vinha me visitar ficava encantado”, recorda.
Até que Manoel
decidiu liberar um cômodo de sua casa e adaptar o espaço para
visitação pública, a fim de compartilhar aquilo com mais pessoas.
Surgia, há dois anos e meio, o Cinema Paradiso – O Museu do
Cinema, um dos poucos museus especializados no país.
Localizado bem no
centro de São Bento, uma pequena estância turística na região do
Vale do Paraíba, o Museu Cinema Paradiso é aberto ao público nos
finais de semana e os visitantes não precisam pagar nada para
conhecer o espaço.
Manoel abre a porta
de sua casa para aos visitantes pura e simplesmente por amor à
sétima arte. A ideia é passar ao público emoções, alegrias e
recordações de um passado de glórias dos antigos cinemas de rua,
compartilhando com cada visitante as histórias passadas dentro das
salas de cinema nos áureos tempos.
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Manoel do Cinema, idealizador do projeto |
“É emocionante
você ouvir as histórias do pessoal que vem conhecer o museu. Se eu
fosse gravá-las, não teria uma fita suficiente para caber todos os
depoimentos”, conta.
Para o idealizador
do projeto, é muito gratificante ter a oportunidade de compartilhar
seu acervo com o público. Por isso, ele não cobra nenhum tipo de
ingresso dos visitantes. “Essa é a minha alegria: compartilhar
emoções de um cinema antigo porque, infelizmente, o hoje não passa
emoção”, justifica.
Acervo raro
Quem visita o Museu
do Cinema encontra um acervo raro, construído ao longo de duas
décadas. Manoel tem dois projetores de 35 milímetros funcionando
perfeitamente.
Esse tipo de
projetor foi muito utilizado no século 19 e até o final do século
20, mas acabou sendo substituído pela tecnologia digital. Quando
recebe um grupo de visitantes, Manoel costuma ligar os equipamentos e
projetar imagens na parede.
Os visitantes também
podem ter acesso a projetores de 8 e 16 milímetros, cartazes
originais de filmes pintados à mão, fotos de artistas, carvão de
projeção, filmadoras, filmes, lâmpadas, ingressos antigos, dentre
outros equipamentos.
Dentre os filmes
mais lembrados pelos visitantes, destaque para praticamente todos de
Amácio Mazzaropi e também para Marcelino Pão e Vinho, de 1955.
O Museu do Cinema
recebe uma média de 600 pessoas por ano e o público que visita é
bem diversificado. “São pessoas interessadas em conhecer o meu
trabalho e, na grande maioria, turistas que têm um certo
conhecimento sobre cinema e ficam sabendo, por meio do Facebook”,
conta.
O gestor recepciona
o público somente nos finais de semana, mas, se algum grupo se
interessar em visitar durante a semana, é possível fazer contato
com ele e agendar.
O Cinema Paradiso é
único museu específico sobre cinema existente na região do Vale do
Paraíba.
Outros projetos
Além do Cinema
Paradiso, Manoel mantém um projeto social que leva sessões de
cinema aos bairros carentes de São Bento. Ele leva todo equipamento
cinematográfico no carro até o bairro e projeta filmes nas
comunidades. “São pessoas que nunca tiveram a oportunidade de ir a
uma sala de cinema em um shopping e, nas projeções, a alegria é
nítida nos olhares”, emociona-se.
Outro projeto de
Manoel é o Cine Clube Paradiso, que deverá ser inaugurado em breve.
A ideia é receber o público na garagem de sua casa e oferecer
sessões gratuitas de cinema.
Sobre o Museu do
Cinema
Saiba mais sobre o
museu.
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