A relação entre o ser humano e a tecnologia está cada vez mais estreita. Essa ligação não tem como parâmetro apenas a disseminação das redes sociais, mas o crescente uso de tecnologias que conectam objetos de uso pessoal à internet.
A chamada “internet das coisas” é uma forte tendência mundial e representa uma oportunidade de negócios para muitas empresas, assim como um vasto campo de trabalho, conforme aponta o diretor de tecnologia da PromonLogicalis, Lucas Pinz.
“Todas as coisas estarão conectadas no futuro”, prevê. Pinz ressalta, porém, que 99% das coisas que estão ao nosso redor não estão conectadas. “Há um campo de atuação gigantesco, porque, quando você passa a conectar coisas, pessoas e processos de forma inteligente, passa a gerar resultados positivos para a sociedade, para as empresas e para a qualidade de vida das pessoas”, explica.
De acordo com Pinz, a internet das coisas tem afetado diversas áreas, como indústrias e as próprias cidades. “Há uma tendência clara e forte de que as cidades, os gestores e as concessionárias devem investir em internet das coisas para melhorar a qualidade dos serviços públicos prestados”, pontua.
As empresas Urban Systems e Sator fazem, desde 2014, um mapeamento das chamadas cidades do futuro. O Ranking ConnectedSmartCities avalia uma série de quesitos, entre eles a inteligência, o grau de conectividade e questões ligadas à sustentabilidade e mobilidade urbana.
No quesito tecnologia e inovação, a cidade de São Paulo (SP) lidera o ranking de 2016, seguida por Rio de Janeiro (RJ) e Florianópolis (SC). Os indicadores estão ligados à existência de infraestrutura, crescimento e ampliação dos setores de tecnologia, mão de obra qualificada e indutores de desenvolvimento de tecnologias e empresas.
Em São Paulo, a tecnologia de sensores instalada em 110 áreas permite saber em tempo real o volume de resíduos sólidos nos bueiros. Trata-se de um filtro de metal e sensor de ultrassom conectados à plataforma Smart Manhole e ligados à Clima Tempo, uma das líderes em previsões meteorológicas.
Segundo Pinz, esse sistema de monitoramento de bueiros já evitou enchentes em pelo menos 13 áreas da cidade de São Paulo.
A plataforma Eugenio, também desenvolvida pela PromonLogicalis, permite a integração de vários serviços inteligentes na cidade do Rio de Janeiro, como sensores de meio ambiente, sensores de detecção de disparos, integração com câmeras, conexão de 30 bueiros conectados e integração com dados de meteorologia.
Uso no dia a dia
Além de ajudar no gerenciamento das cidades, a internet das coisas tem facilitado o dia a dia das pessoas, graças à integração com eletrodomésticos como geladeiras, por exemplo, e até mesmo com cartões bancários.
A tecnologia Cripto7, concebida pela 7COm, já permite que as pessoas não precisem digitar senhas quando forem comprar a débito ou crédito via telefone celular. Também chamado de pagamento sem contato, o novo recurso tem uma usabilidade bem simples, bastando que o usuário aproxime o cartão do terminal. As informações de pagamento são enviadas sem fio e processadas.
A solução funciona como um QR Code colorido, trazendo mais segurança no momento da troca de informações entre cliente e estabelecimento. O código de confirmação do pagamento é gerado somente após a autenticação da imagem do Cripo7.
O diretor de produtos da 7COm, Gerson Rodrigues, ressalta que esse tipo de solução tem sido usado tanto para fazer a autenticação em sistemas de internet banking, como nos meios de pagamento, substituindo o uso de senhas.
“Essa tecnologia faz com que o usuário não necessite passar por essa etapa de digitar a senha de conhecimento dele, passar alguma informação dentro de um site, ou até num PoS (ponto de venda)”, justifica. Além de simplificar os processos de autenticação, a ideia é garantir mais segurança nesse tipo de transação.
Mercado promissor
A área de IoT (internet das coisas) é considerada uma das mais auspiciosas para o mercado de trabalho.
De acordo com Pinz, é um setor promissor não só na área de automação das indústrias, como na de segurança da informação.
“Um ataque na área de TI (tecnologia da informação) pode ter consequência danosa, mas um ataque numa área de automação pode custar vidas, porque pode desligar sistema elétrico, uma máquina e ter mais impactos do que perder dados”, justifica.
Para Rodrigues, as oportunidades de trabalho na área de TI, no tocante à IoT, vão desde o básico, que é a parte de programação, até a identificação do negócio, ou seja, a percepção da possibilidade de colocação de um equipamento integrado a uma rede.
“Quando você imagina o negócio, em si, esse tipo de profissional tem que ter criatividade e saber, exatamente, que tipo de informação disponibilizará na rede”, explica.
Como exemplo, ele cita a automação de uma residência. O profissional que souber identificar que informações relacionadas a consumo e aos equipamentos devem estar em rede sai na frente nesse tipo de mercado.
Rodrigues ressalta que empresas variadas podem se interessar por “n” informações, como por exemplo, uma que fabrique geladeiras e deverá se ater a questões como suporte online, estado de conservação, garantia e o que fazer com elas.
“Colocar informação dentro da geladeira para obter esses dados e jogar na internet, é algo trivial, mas o profissional que se propõe a trabalhar numa área de internet das coisas tem que estar muito mais focado em entender que tipos de conhecimentos que vão ser úteis para colocar as coisas conectadas à internet”, conclui.
Revolução Industrial 4.0
O termo Internet of Things (IoT ou internet das coisas) foi criado no final da década de 1990, pelo Massachusetts Institute of Technology (MIT), uma das principais instituições que atuam na área de tecnologia.
O impacto que a internet das coisas vem provocando tem sido comparado ao da Revolução Industrial e já está sendo chamado de Revolução Industrial 4.0 ou “Era da internet das coisas”.
As tecnologias relacionadas à IoT vêm sendo adotadas com intensidade cada vez maior e hoje já movimentam US$ 600 bilhões no mundo.
“Hoje há soluções que empoderam o cidadão, como gestão de lixo, de resíduos sólidos, monitoramento ambiental, iluminação inteligente, vigilância, estacionamento inteligente, soluções de atendimento remoto, detecção de tiros. Todos integrados a plataformas de IoT”, justifica Lucas Pinz.
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