A procura por tratamentos à base de plantas medicinais e medicamentos fitoterápicos no Sistema Único de Saúde (SUS) aumentou 161% nos últimos três anos. É um crescimento significativo, que revela o interesse das pessoas por hábitos mais saudáveis e práticas mais naturais no dia a dia.
Na avaliação da consultora, palestrante, analista comportamental e coach especialista em farmácia, Vanderléia Boing Nienkotter, cada vez mais a população está em busca de qualidade de vida, o que também está relacionado à fuga dos medicamentos industrializados e à opção por alternativas mais naturais e sem riscos a longo prazo.
“Como o acesso à informação hoje em dia é muito rápido e fácil, muitas pessoas estão pesquisando os efeitos adversos dos medicamentos, antes de iniciar o tratamento”, justifica a farmacêutica.
Segundo Vanderléia, há casos em que os clientes, no momento da compra na farmácia, acabam desistindo de adquirir o medicamento por causa da chamada “intoxicação” que o fármaco pode causar, ou até mesmo devido aos efeitos indesejáveis durante o tratamento.
A farmacêutica avalia que a adoção de novos hábitos – como cuidar da alimentação, evitar consumo de carne, leite e derivados – também reflete no momento da escolha por fitoterápicos. Geralmente, as pessoas mais conscientes em relação à alimentação, acreditam que os fitoterápicos são menos invasivos do que os medicamentos alopáticos.
De volta aos velhos tempos
Os povos antigos usavam muitos chás para combater dores de cabeça, enjoos, problemas no fígado, dentre outros males. Embora esse costume não seja mais tão comum nas grandes cidades, a Vanderléia acredita que hoje há uma forte tendência para a volta dessas tradições.
“Muitas faculdades, inclusive, já têm cursos de formação e especialização em medicina alternativa, e a fitoterapia é muito forte nesse meio”, ressalta.
De acordo com a coach, a forte tendência da população no Brasil, para os próximos 20 anos, é a procura por qualidade de vida e pelo envelhecimento com saúde.
“A busca de alternativas para longevidade incluem hábitos saudáveis, alimentação consciente e, com isso, a fitoterapia se encaixa perfeitamente neste estilo de vida, que vem crescendo muito”, acrescenta.
Essa busca, segundo Vanderléia, é o que mobiliza as pessoas a olharem para dentro de si mesmas e verem que a vida pode ser diferente. “É muito comum, hoje em dia, ver nas sacadas dos prédios das grandes cidades pessoas que cultivam em vasos seus temperos e seus chás. É estilo de vida, e a fitoterapia entra como suporte para esse estilo”, explica.
Também é grande também o número de canais, nas redes sociais, onde as pessoas compartilham a experiência de plantar ervas aromáticas e medicinais em vasos e até mesmo garrafas pet nas sacadas de apartamentos e quintais das residências.
Há até turoriais ensinando a fazer o plantio de ervas que podem ser utilizadas para temperar refeições, ou mesmo fazer chás que podem ajudar a melhorar os sintomas de azia, dor de garganta ou até uma ressaca, como é o caso o boldo.
O que é fitoterapia
De acordo com a especialista, a fitoterapia – ou uso de medicamentos fitoterápicos – nada mais é do que o uso das plantas como método terapêutico.
“Pode ser usada no tratamento e na prevenção a vários distúrbios, como a ansiedade, distúrbios do sono, dislipidemias, gastrite etc; não somente como uma alternativa ou complemento de tratamento e sim como primeira opção de escolha de tratamento”, justifica.
Segundo Vanderléia, a fitoterapia é uma metodologia muito eficaz e, se usada de forma correta, confere segurança e bons resultados no tratamento e prevenção de doenças agudas e crônicas.
Mas, a credibilidade do método nem sempre esteve em alta, já que a fitoterapia era usada de forma empírica, no início. “Era tachada como a receita da vovó”, brinca.
Hoje em dia, a técnica faz parte do dia a dia nos receituários dos médicos que, segundo Vanderleia, estudam e confiam cada vez mais nas propriedades dos fitoterápicos. “Podem ser usados em conjunto com outros medicamentos, desde que seja analisada a interferência de seu uso na associação de outro medicamento”, explica.
O mesmo acontece com os medicamentos em geral, uma vez que os médicos só indicam o uso combinado de medicamentos se não houver interferência na ação de algum deles.
Como é feito o tratamento
Vanderléia explica que os fitoterápicos não são apenas partes da planta desidratada, utilizadas sob a forma de chás e emplastros. “Englobam medicamentos apresentados em diversas formas farmacêuticas”, orienta.
Por forma farmacêutica pode-se entender a forma como o medicamento se a para ser tomado ou aplicado “São utilizadas várias formas farmacêuticas de um mesmo medicamento, dependendo do seu local de absorção, tempo de ação e se o paciente é adulto, idoso ou criança”, explica.
Os fitoterápicos podem ser usados sob as formas de xaropes, chás, tinturas ou cápsulas com o fitoterápico macerado, triturado, dependendo do tipo e planta utilizado.
Em relação à eficácia e à eficiência, a farmacêutica ressalta que os resultados vão depender muito do paciente, do tipo e da duração do tratamento. “Na minha opinião, o tratamento mais eficiente é aquele que melhor se adéqua ao perfil do paciente e que o leva à adesão total”, conclui.
Veja a seguir a lista das plantas medicinais liberadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), com os respectivos nomes populares e científicos:
Alcachofra – Cynara scolymus
Alcaçuz – Glycyrrhiza glabra
Alecrim – Rosmarinus officinalis
Alecrim pimenta – Lippia sidoides
Alho – Allium sativum
Anis estrelado – Illicium verum
Anis, Erva doce – Pimpinela anisum
Arnica – Arnica montana
Aroeira da praia – Schinus terebinthifolia
Assa peixe – Vernonia polyanthes
Barbatimão – Stryphnoden dromadstrigens
Bardana – Arctium lappa
Boldo baiano – Vernonia condensata
Boldo do chile – Peumus boldus
Boldo nacional, Hortelã homem, Falso boldo, Boldo africano – Plectranthus barbatus
Cajueiro – Anacardium occidentale
Calêndula – Calendula officinalis
Camomila – Matricaria recutita
Canela – Cinnamomum verum
Capim santo, Capim limão, Capim cidreira, Cidreira – Cymbopogon citratus
Carqueja – Baccharis trimera
Cáscara sagrada – Rhamnus purshiana
Castanha da índia – Aesculus hippocastanum
Cavalinha – Equisetum arvense
Chambá, Chachambá, Trevo cumaru – Justicia pectoralis
Chapéu de couro – Echinodorus macrophyllus
Curcuma, Açafrão da Terra – Curcuma longa
Dente de leão – Taraxacum officinale
Erva baleeira – Cordia verbenacea
Erva cidreira, Falsa melissa – Lippia alba
Erva de bicho, Pimenteira dágua – Polygonum punctatum
Espinheira santa – Maytenus ilicifolia
Eucalipto – Eucalyptus globulus
Garra do diabo – Harpagophy tumprocumbens
Gengibre – Zingiber officinale
Goiabeira – Psidium guajava
Guaçatonga, Erva de lagarto – Casearia sylvestris
Guaco – Mikania glomerata
Guaraná – Paullinia cupana
Hamamélis – Hamamelis virginiana
Hortelã pimenta – Mentha x piperita
Jucá, Pau ferro – Caesalpinia ferrea
Jurubeba – Solanum paniculatum
Laranja amarga – Citrus aurantium
Macela, Marcela – Achyrocline satureioides
Malva – Malva sylvestris
Maracujá – Passiflora alata
Maracujá – Passiflora incarnata
Maracujá azedo – Passiflora edulis
Melão de São Caetano – Momordica charantia
Melissa, Erva cidreira – Melissa officinalis
Mentrasto, Catinga de bode – Ageratum conyzoides
Mil folhas – Achillea millefolium
Mulungu – Erythrina verna
Picão – Bidens pilosa
Pitangueira – Eugenia uniflora
Poejo – Mentha pulegium
Polígala – Polygala senega
Quebra pedra – Phyllanthus niruri
Romã – Punica granatum
Sabugueiro – Sambucus nigra
Salgueiro – Salix alba
Sálvia – Salvia officinalis
Sene – Senna alexandrina
Tanchagem, Tansagem, Tranchagem – Plantago major
Unha de gato – Uncaria tomentosa
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