Por Deniele Simões
Uma pesquisa da Fundação Itaú Social revela que apesar de 11% dos brasileiros praticarem algum tipo de trabalho voluntário, mais da metade da população tem interesse de praticar o voluntariado.
Outra pesquisa, essa
promovida pela Rede Brasil Voluntário e o Ibope Inteligência –
estima em pelo menos 35 milhões o número de voluntários no país.
Os dados apontam
também que 67% dos entrevistados praticam o voluntariado por
quererem ser solidários e ajudar o próximo. Outros 32% aderem para
“fazer a diferença e melhorar o mundo” e os 32% restantes fazem
isso por motivações religiosas.
Segundo a
coordenadora do Centro de Voluntariado de São Paulo, Silvia Maria
Louzã Naccache, tanto no Brasil quanto no mundo, as ações
voluntárias são entendidas como exercício da cidadania. “São
cidadãos preocupados com as necessidades de sua comunidade e que
compreendem que é preciso haver a união entre governo, empresas e
sociedade civil para a solução dos problemas sociais”, aponta.
Silvia destaca ainda
que o voluntariado é uma união de esforços de pessoas que enxergam
a vida de modo diferente e que se propõem a minimizar as
dificuldades do outro.
A prática segue a
lógica de que todos devem atuar juntos para a construção de uma
sociedade mais justa e solidária, visando um mundo melhor não só
hoje como para as futuras gerações.
Por que ser
voluntário é bom?
De acordo com a
psicóloga clínica Keli Rodrigues, o voluntariado ajuda o praticante
a conhecer-se melhor e a resignar-se. Isso porque o contato com a dor
do outro pode minimizar o ponto de vista sobre as próprias dores e
ajudá-lo a aprender a valorizar e respeitar suas conquistas e
amizades.
Silvia Naccache
destaca que qualquer pessoa pode ser tornar um voluntário, mas é
preciso refletir muito antes de iniciar o trabalho. Por se tratar de
uma escolha individual, é importante que o candidato tenha em mente
o que quer fazer, o que tem de melhor para oferecer e como o seu
trabalho pode fazer a diferença na vida das pessoas que for ajudar.
Keli reforça também
que a pessoa disposta a assumir o voluntariado deve ser empática com
a dor do outro, sem esperar qualquer tipo de recompensa. “Assim a
doação será muito mais inteira”, justifica.
O voluntário também
precisa entender que esse tipo de trabalho é muito sério e não
pode ser abandonado a bel prazer, sem nenhuma comunicação prévia.
Outra questão fundamental é exercer as atividades de maneira ética
e responsável.
Também é
fundamental estar de coração aberto para exercer a função.
Depois, a medida em que há comprometimento e envolvimento, o
trabalho passa a ser algo mais emocional do que racional. “E aí,
sim, esse desejo puramente de auxiliar torna-se pleno”, completa
Keli.
Felipe Mello, um dos
fundadores da Ong Canto Cidadão, lembra que o voluntariado incide
diretamente no comportamento humano, trazendo inúmeros benefícios.
Um deles é o voluntário sair da zona de conforto para criar
soluções, ainda que pequenas. “Isso gera um acréscimo na crença
da possibilidade de a pessoa criar no mundo, e assim ela se fortalece
porque deixa de ser espectadora e passa a ser protagonista”,
revela.
Outro benefício é
a vontade de se interessar para tornar-se interessante, já que o
princípio dos bons relacionamentos está relacionado à empatia, que
é a capacidade de um se colocar no lugar do outro. Mello cita ainda
a melhora nos processos de criatividade, comunicação oral e
corporal e, assim como na capacidade de improvisar.
Voluntariado e
mercado de trabalho
Silvia Naccache
destaca que o crescimento e amadurecimento de programas de
responsabilidade sócio-ambiental nas empresas fez surgir a
oportunidade de mobilização para que os funcionários possam
exercer a cidadania e a solidariedade através do voluntariado.
De acordo com Felipe
Mello, já existem empresas que, em processos seletivos, observam com
atenção o fato de o candidato ter experiências como voluntário.
“Creio que o motivo tenha uma natureza social, ou seja, a empresa
interessada em pessoas que pensam coletivamente”, opina.
Outro aspecto
colocado por ele e que, talvez seja o principal, é que o
voluntariado contribui para o desenvolvimento de competências muito
conectadas com a realidade das empresas, como o trabalho em equipe,
por exemplo.
Silvia lembra que o
desenvolvimento da cultura do voluntariado pode ajudar na construção
de uma sociedade com um sistema de valores mais humanos, entre eles a
solidariedade, a compaixão, a participação e principalmente a
formação de líderes capazes de construir famílias mais felizes,
empresas mais saudáveis e comunidades mais solidárias.
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