segunda-feira, outubro 03, 2016

Mais de 30 milhões estão ligados ao voluntariado no Brasil

Por Deniele Simões


Uma pesquisa da Fundação Itaú Social revela que apesar de 11% dos brasileiros praticarem algum tipo de trabalho voluntário, mais da metade da população tem interesse de praticar o voluntariado.

Outra pesquisa, essa promovida pela Rede Brasil Voluntário e o Ibope Inteligência – estima em pelo menos 35 milhões o número de voluntários no país.

Os dados apontam também que 67% dos entrevistados praticam o voluntariado por quererem ser solidários e ajudar o próximo. Outros 32% aderem para “fazer a diferença e melhorar o mundo” e os 32% restantes fazem isso por motivações religiosas.

Segundo a coordenadora do Centro de Voluntariado de São Paulo, Silvia Maria Louzã Naccache, tanto no Brasil quanto no mundo, as ações voluntárias são entendidas como exercício da cidadania. “São cidadãos preocupados com as necessidades de sua comunidade e que compreendem que é preciso haver a união entre governo, empresas e sociedade civil para a solução dos problemas sociais”, aponta.

Silvia destaca ainda que o voluntariado é uma união de esforços de pessoas que enxergam a vida de modo diferente e que se propõem a minimizar as dificuldades do outro.

A prática segue a lógica de que todos devem atuar juntos para a construção de uma sociedade mais justa e solidária, visando um mundo melhor não só hoje como para as futuras gerações.

Por que ser voluntário é bom?
De acordo com a psicóloga clínica Keli Rodrigues, o voluntariado ajuda o praticante a conhecer-se melhor e a resignar-se. Isso porque o contato com a dor do outro pode minimizar o ponto de vista sobre as próprias dores e ajudá-lo a aprender a valorizar e respeitar suas conquistas e amizades.

Silvia Naccache destaca que qualquer pessoa pode ser tornar um voluntário, mas é preciso refletir muito antes de iniciar o trabalho. Por se tratar de uma escolha individual, é importante que o candidato tenha em mente o que quer fazer, o que tem de melhor para oferecer e como o seu trabalho pode fazer a diferença na vida das pessoas que for ajudar.

Keli reforça também que a pessoa disposta a assumir o voluntariado deve ser empática com a dor do outro, sem esperar qualquer tipo de recompensa. “Assim a doação será muito mais inteira”, justifica.

O voluntário também precisa entender que esse tipo de trabalho é muito sério e não pode ser abandonado a bel prazer, sem nenhuma comunicação prévia. Outra questão fundamental é exercer as atividades de maneira ética e responsável.

Também é fundamental estar de coração aberto para exercer a função. Depois, a medida em que há comprometimento e envolvimento, o trabalho passa a ser algo mais emocional do que racional. “E aí, sim, esse desejo puramente de auxiliar torna-se pleno”, completa Keli.

Felipe Mello, um dos fundadores da Ong Canto Cidadão, lembra que o voluntariado incide diretamente no comportamento humano, trazendo inúmeros benefícios. Um deles é o voluntário sair da zona de conforto para criar soluções, ainda que pequenas. “Isso gera um acréscimo na crença da possibilidade de a pessoa criar no mundo, e assim ela se fortalece porque deixa de ser espectadora e passa a ser protagonista”, revela.


Outro benefício é a vontade de se interessar para tornar-se interessante, já que o princípio dos bons relacionamentos está relacionado à empatia, que é a capacidade de um se colocar no lugar do outro. Mello cita ainda a melhora nos processos de criatividade, comunicação oral e corporal e, assim como na capacidade de improvisar.

Voluntariado e mercado de trabalho
Silvia Naccache destaca que o crescimento e amadurecimento de programas de responsabilidade sócio-ambiental nas empresas fez surgir a oportunidade de mobilização para que os funcionários possam exercer a cidadania e a solidariedade através do voluntariado.

De acordo com Felipe Mello, já existem empresas que, em processos seletivos, observam com atenção o fato de o candidato ter experiências como voluntário. “Creio que o motivo tenha uma natureza social, ou seja, a empresa interessada em pessoas que pensam coletivamente”, opina.

Outro aspecto colocado por ele e que, talvez seja o principal, é que o voluntariado contribui para o desenvolvimento de competências muito conectadas com a realidade das empresas, como o trabalho em equipe, por exemplo.

Silvia lembra que o desenvolvimento da cultura do voluntariado pode ajudar na construção de uma sociedade com um sistema de valores mais humanos, entre eles a solidariedade, a compaixão, a participação e principalmente a formação de líderes capazes de construir famílias mais felizes, empresas mais saudáveis e comunidades mais solidárias.


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