O debate de cunho católico realizado na noite desta quinta-feira (23), na sede da Universidade Católica de Brasília (UCB), foi mais uma oportunidade para os candidatos à presidência da República mostrarem suas ideias.
O encontro foi uma promoção da Comissão Brasileira de Justiça e Paz (CBJP), Universidade Católica de Brasília (UCB), Associação Brasileira das Universidades Comunitárias (ABRUC) e Associação Nacional de Educação Católica (ANEC), com apoio da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil .
Ao contrário do debate realizado pelas tevês de inspiração católica em agosto, marcado pela ausência da petista Dilma Rousseff, no encontro de ontem todos os candidatos compareceram: Dilma, José Serra (PSDB), Marina Silva (PV) e Plínio de Arruda Sampaio (PSOL).
O encontro na UCB trouxe à tona discussões sobre temas de extrema importância, como a exploração do petróleo na camada de pré-sal, políticas para a criação de uma cultua de paz, educação, reforma tributária e o papel do Estado no programa de governo.
Se o encontro de ontem ganhou pontos por possibilitar um aprofundamento na discussão de temas de interesse social, pecou por problemas de organização e de estrutura. O áudio estava ruim, os candidatos chegaram atrasados e o mediador cometeu alguns erros e até uma pequena gafe, quando chamou o intervalo antes de dar a palavra ao candidato Plínio.
A seguir, faço algumas considerações acerca da participação dos quatro candidatos:
Dilma Roussef - Demonstrou certo nervosismo. Apoiou-se o tempo todo nos feitos do governo Lula, batendo principalmente na tecla da inclusão social. De fato, o atual governo conseguiu retirar 28 milhões de pessoas da linha da pobreza e elevar outros 36 milhões para a classe média. Dilma defendeu a continuidade e a ampliação de programas sociais.
Declarou-se contrária ao aborto - mesmo após ter afirmado, no passado, que era favorável à prática. Nesse aspecto, fez o discurso da conveniência. Assessoria é tudo nessas horas e ter apoio integral do católico Gilmar Mendes ajuda muito.
José Serra - Falou em valores e princípios cristãos, atrelando essas questões à conduta na vida pública e na vida privada. Elencou como prioridades as áreas de segurança pública, saúde e educação. “O Brasil pode avançar muito em relação a todas elas”. Para isso, defendeu o fortalecimento da economia como pano de fundo. Ao dizer o que pensava sobre a exploração de petróleo na camada do pré-sal, confessou que teme uma catástrofe ambiental, a exemplo do que ocorreu recentemente no golfo do México. O candidato acredita que os resultados do pré-sal só aparecerão no final da década que vem e recomendou cautela quanto à exploração de petróleo no país.
Marina Silva - Pareceu bastante à vontade no debate. O mesmo ocorreu com a plateia a favor dela, que foi a que mais se manifestou. Mostrou uma postura de independência em relação aos outros candidatos. Deixou claro que sua plataforma de governo foi protocolada muito antes do início da disputa eleitoral e está baseada em sete diretrizes. Elencou a educação como principal fator de geração de igualdade e oportunidades. Também falou em proteção social, princípio que deve compreender ações nas áreas de saúde e programas de cunho social, como o bolsa família, mas sem assistencialismos. A candidata também defendeu a execução de uma reforma tributária pra valer - ao contrário do que aconteceu nos últimos 16 anos.
Plínio - Mais uma vez cumpriu o papel de entreter a plateia e arrancar boas risadas dos telespectadores. “Eu provoco risos para denunciar essa sociedade injusta", bradou. Por ter um discurso ainda centrado na década de 1970, o candidato fala muito em estatização e não perdoou nem a UCB, ao mencionar que a instituição seria desapropriada em seu governo. Defendeu o fortalecimento das área de saúde e educação. Com relação à violência, atribuiu as causas à elite e à polícia repressora, fruto "da ditadura militar". “A elite brasileira faz e sustenta a desigualdade. Não basta crescimento da economia, mas distribuição de renda", bradou, nos minutos finais de sua participação no encontro.
Créditos das imagens: Reprodução da TV
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