terça-feira, agosto 18, 2009

Woodstock 40 anos depois – uma análise fria e comercial

Festival pregava o espírito de liberdade e o modo "hippie" de ser
"Os filhos de Bob Dylan,
Clientes da Coca-Cola
Os que fugimos da escola
Voltamos todos pra casa.
"
(Trecho de Lira dos 20 Anos, de Belchior / Francisco Casaverde)

Na semana em que se comemora os 40 anos de Woodstock, parece não haver muito barulho sobre aquele que ainda é considerado o maior festival de música de todos os tempos.

O ano era 1969 e dizem aqueles que viveram o espírito da “Era de Aquarius” então apregoado na época, que o evento chegou a reunir mais de um milhão de jovens em três dias de muito sexo, drogas e rock´n´roll.

Quatro décadas após o festival, que rolou entre os dias 15 e 18 de agosto, em uma fazenda perto de Nova York (EUA), é possível traçar paralelos com o cotidiano urbano do século XXI e, principalmente, analisar as consequências provocadas por um grupo de jovens que queria se divertir em paz e, acima de tudo, clamava por liberdade.

Embora eu definitivamente não tenha pertencido àquela geração e ainda esteja na casa dos 30, já li reportagens e assisti a documentários sobre o assunto, e respeito a opinião de críticos que vivenciaram a época - como é o caso do jornalista e produtor Nelson Motta.
Joe Cocker
Há algumas semanas, Motta produziu uma matéria para o Jornal da Globo, em que promovia uma análise fria do festival. “Os velhos hippies já estão de rabo de cavalo branco”, brinca.

Apesar disso, ele acredita que muitas heranças tenham sido deixadas. Fazendo um resumo clássico, Motta diz que os idealizadores do festival eram, no fundo, “um bando de doidões sem recursos, sem gravadoras e sem patrocínios”.

Na avaliação deles, esses doidões produziram um mega evento, que entrou para a história e se transformou em uma máquina de fazer dinheiro. Muitos deles morreram, transformando-se no que chamou em “monumentos do rock” - Jimi Hendrix e Janis Joplin são dois exemplos lógicos disso, já que deixaram um legado musical incrível, construído em muito pouco tempo.

Joe Cocker, Neil Young e Carlos Santana são apontados por Motta como os ícones de Woodstock que continuam na ativa, levando sua música não só aos filhos, como aos netos daqueles “doidões” que assistiram ao festival.

Concordando com o que Nelson Motta diz, vou um pouco mais além e posso constatar que esses artistas a quem ele se refere não só continuam na ativa, como vira e mexe aparecem para promover turnês milionárias.

Às vezes também costumam se engajar em movimentos sociais, mas que não tiveram a importância como o da contracultura, apregoado à época de Woodstock.
Carlos Santana
Talvez com exceção de Neil Young, que inclusive teve uma música usada na trilha do filme Fairenheit 9/11, de Michael Moore, os outros parecem ter abdicado daquele tal espírito de liberdade e literalmente terem se tornado clientes da Coca-Cola e voltado para suas casas.

A exemplo do poeta Bob Dylan – que fazia a cabeça da galera jovem na época, mas não participou do festival – Neil Young parece continuar acreditando em sonhos.

E sonhos são importantes para que o ser humano se mantenha de pé, focado, lutando e acreditando na vida e em seus desdobramentos.
Young continua levantando a bandeira do rock engajado
Young é, talvez, a prova de que tudo isso vale a pena – independentemente de ideologias e questões financeiras. Não é a toa que, aos 63 anos, ele continue levando sua música pelo mundo, lotando plateias e se engajando cada vez mais nas causas sociais.

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