sábado, julho 01, 2006

"Eu sei até que parece sério, mas é tudo armação; O problema é muita estrela, prá pouca constelação" (Raul Seixas)


Raulzito tinha razão. Em time onde há muitas estrelas, o resultado fica amarrado, obscuro e parece atá armação.
Foi assim que o Brasil se despediu mais cedo da Copa 2006 tendo, de quebra, dado de cara com seu algoz: a seleção francesa. Oito anos depois a história se repete: Zinedine Zidane deu um show de bola e, de novo, os brasileiros ficaram estáticos, olhando a bola passar. Em 1986, a história também não foi diferente: a França de Michel Platini acabava com o sonho do tetra, mandando o Brasil para casa nas quartas de final. Só que, naquela época, nossa seleção perdeu jogando bonito e apresentando o chamado futebol-arte. A disputa foi nos pênaltis, onde às vezes as coisas são como uma loteria.
Mas, com a crise de estrelismo que afetou a seleção de 2006, esperava-se que não iríamos longe. Talvez só não se esperava que fôssemos sucumbir diante de uma França que "pagou pau" para se classificar em uma chave fraca e conseguiu se recuperar diante da promissora Espanha.
A verdade é que o time de Parreira, que sempre apostou no futebol de resultados, foi montado com base em grandes estrelas, mas que, no fundo, estavam preocupadas consigo mesmas. A falta de união no grupo era latente e a teimosia do treinador em manter dinossauros do quilate de Cafu, Roberto Carlos e Emerson, mais ainda.
Desde a sua primeira partida no mundial, o Brasil não convenceu e só foi cabeça de chave porque teve a sorte de cair em um grupo relativamente fácil.
Aí veio o jogo nervoso contra a seleção de Gana, em que a equipe africana teve 52% de posse de bola, contra 48% da seleção canarinho (!?).
Aliás, o que significa essa simpática alcunha dada a nossa seleção diante de uma equipe que joga na retranca e só parte para cima do adversário em caso de contra-ataque?
Pelé, Garrincha, Jairzinho, Tostão, Didi, Nilton Santos e tantos outros mais que fizeram a glória do futebol brasileiro deram a resposta em campo, nos áureos tempos. E, diferentemente do quer vinham bradando Cafu, Roberto Carlos e companhia, a geração de Pelé é infinitamente melhor do que essa leva de jogadores mais preocupados com prêmios, luvas e recordes pessoais do que com o peso da camisa que vestem.
Definitivamente, o senhor Zagallo, que ficou "engasgado" na Copa de 74, quando o "Carrossel Holandês" desclassificou o Brasil, mas conseguiu dar o troco 20 anos depois, não terá mais tempo de fazer sua revenche profissional contra os azuis.
Fica aqui sepultada a era Parreira-Zagallo na seleção e, daqui para a frente, é torcer para que um técnico de ponta assuma o comando da equipe e proscure resgatar os valores do futebol-arte que praticamos até o final da década de 80.
Merci!

Um comentário:

Anônimo disse...

É isto mesmo, conforme comprova o texto anexo:
da Folha de S.Paulo, em Frankfurt

Considerado o grande vilão da eliminação da seleção brasileira na Copa do Mundo da Alemanha, o lateral Roberto Carlos teve uma saída inglória neste domingo do hotel onde a delegação estava hospedada, em Frankfurt.

Questionado por um grupo de torcedores que gritava "vergonha" à frente do hall principal, o jogador do Real Madrid saiu por uma porta secundária em direção ao táxi que o levou ao aeroporto --de onde voaria à Espanha.

Antes disso, o jogador --marcado pela torcida por arrumar a meia em vez de cuidar da marcação do francês Henry no lance que originou o único gol da partida de ontem-- fez um sinal com as mãos pedindo silêncio ao grupo que o apupava.

Powered By Blogger